Ecologia
A destruição das florestas, para dar espaço aos cafezais, já inquietava os pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas entre o final do século 19 e início do século 20. As estimativas são de que, nesse período, 10 mil quilômetros quadrados – área equivalente a 5% do território de São Paulo e a 10% do território de Cuba – de florestas nativas em território paulista foram substituídas por cafezais.

Edição nº 1 da Revista do CCLA, de 1902, tendo a “Devastação das Matas” como assunto principal
Crédito Foto: Martinho Caires
Pois os impactos do café e das ferrovias nas florestas de São Paulo foram denunciados no primeiro número da “Revista do Centro de Ciências, Letras e Artes”. As denúncias foram feitas por João Pedro Cardoso, ligado ao Instituto Agronômico e inspetor do 2º Distrito Agronômico de Campinas, membro da primeira Comissão de Agricultura e Zootecnia do CCLA.
Ainda em 1902, o mesmo João Pedro Cardoso, colaborador do Centro de Ciências, Letras e Artes em outras oportunidades, foi o grande responsável pela comemoração, na cidade de Araras, na região de Campinas, do primeiro Dia da Árvore no Brasil. Cardoso inspirou-se no “Arbor-Day”, que era promovido desde 1872 nos Estados Unidos. O Dia da Árvore passaria a ser comemorado no Brasil todo dia 21 de setembro, na entrada da Primavera, como um símbolo do renascimento da natureza pós-Inverno.
A Revista do CCLA abordar, em seu primeiro número, a questão da devastação das matas, tema de enorme atualidade no início do século 21, é apenas mais um exemplo da importância cultural que o Centro de Ciências, Letras e Artes tem na história de Campinas e do Brasil. Outros assuntos de ordem ambiental foram tratados pela mesma revista ao longo de sua trajetória.
O olhar para a questão ambiental, cada vez mais forte na sociedade contemporânea, sempre integrou as preocupações do CCLA. No início do século 21 o Centro criou a seção de Ecologia, que já promoveu várias discussões sobre a temática. O pioneirismo em abordar o assunto confirma como o Centro de Ciências, Letras e Artes está habilitado a ser um espaço permanente de discussões sobre a complexa e desafiadora questão ambiental.