Ciências

A criação de uma instituição dedica ao estudo de questões científicas, mas também culturais, políticas, históricas e sociais, foi uma das motivações do grupo fundador do Centro de Ciências, Letras e Artes.

Quando o CCLA foi criado, em outubro de 1901, existiam várias comissões de assuntos científicos, todas elas integradas por cientistas e pesquisadores de renome, ligados ao Instituto Agronômico e outras instituições científicas importantes, além de professores do Colégio Culto à Ciência.

Edição nº 1 da Revista mostra a composição das comissões científicas, maioria no momento de criação do Centro de Ciências Letras e Artes

Edição nº 1 da Revista mostra a composição das comissões científicas, maioria no momento de criação do CCLA

Crédito Foto: Martinho Caires

A primeira manifestação pública do CCLA, por ocasião de sua fundação, foi uma mensagem de homenagem ao cientista-inventor Santos Dumont, pelos feitos em Paris com sua série de balões. Esta mensagem explica a aceitação pelo Pai da Aviação do convite, feito pelo CCLA, para colocar a pedra fundamental no monumento-túmulo de Carlos Gomes, o que aconteceu a 18 de setembro de 1903.

O interesse do CCLA pelas ciências foi mantido e desenvolvido através dos tempos. A maior parte dos artigos nos primeiros números da Revista do CCLA era de temas científicos. Atualmente, o Centro mantém uma seção dedicada à Astronomia.

Hoje é um consenso entre pesquisadores em torno dos efeitos negativos do afastamento das Ciências de outras áreas do conhecimento, as Ciências Humanas e Artes em geral entre elas. Pois desde o início o CCLA defendeu a necessidade de vinculação entre todas essas áreas de conhecimento, pelo bem da humanidade.

Comissões do CCLA, com destaque para área científica, em 1901

As então denominadas Comissões Auxiliares da Diretoria, na época de criação do CCLA, em outubro de 1901, eram estas, com os devidos componentes:

Matemática e Astronomia – Cândido Gonçalves Gomide, engenheiro chefe da Companhia Mogiana; Franz Mariscael, engenheiro de Minas, Artes e Manufaturas, pela Escola de Liège; Gustavo Enge, catedrático de Geografia no Ginásio de Campinas (nome na época do Colégio Culto à Ciência).

Engenharia – José Pereira Rebouças, inspetor geral da Companhia Mogiana (irmão do abolicionista André Rebouças); Aureliano Botelho, chefe do 3º Distrito das Obras Públicas do Estado de São Paulo; Alexandre Krug, engenheiro industrial.

Botânica – José de Campos Novaes, membro da Linnean Society de Londres; Francisco de Paula Magalhães Gomes, catedrático de História Natural do Ginásio de Campinas; Camillo Vanzolini, professor de História Natural.

Física, Química e Mineralogia – Manoel Agostinho Lourenço, catedrático de Física e Química do Ginásio de Campinas; Henri Potel, químico do Instituto Agronômico; Ernst Sixt, químico do Instituto Agronômico.

Zoologia – Adolpho Hempel, fitopatologista do Instituto Agronômico (onde chefiou o Serviço de Identificação e Combate às Pragas Vegetais); Fidélis dos Reis, engenheiro auxiliar do 2º Distrito Agrícola do Estado de São Paulo; Eugênio Bulcão, preparador de Física e Química do Ginásio de Campinas.

Agricultura e Zootecnia – Gustavo D´Ultra, diretor do Instituto Agronômico; João Pedro Cardoso, inspetor do 2º Distrito Agrícola do Estado de São Paulo; Abelardo Pompeu do Amaral, doutor em Ciências Físicas e Químicas pela Escola de Genebra.

Geografia, História e Demografia – Abilio Alvaro Miller, catedrático de Antropologia do Ginásio de Campinas; Gustavo Enge; Benedito Otávio de Oliveira, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.

Ciências Médicas – Ângelo Simões, membro da Academia de Medicina do Rio de Janeiro (foi um dos principais nomes no atendimento às vítimas da febre amarela em Campinas); Manoel de Assis Vieira Bueno, médico; João Ferreirinha, médico.

Ciências Sociais e Econômicas – Conselheiro Leôncio de Carvalho, ex-ministro do Império e Lente Jubilado de Direito Público, primeiro presidente do CCLA; Jorge de Miranda, ex-senador de São Paulo e diretor do Ginásio de Campinas; João César Bueno Bierrenbach, advogado, catedrático de História Universal do Ginásio de Campinas, um dos idealizadores do CCLA e seu primeiro secretário.

Ciências Jurídicas – João Egydio de Souza Aranha, Heitor Teixeira Penteado (depois prefeito de Campinas) e Paulo Machado Florence, advogados.

Letras e Artes – Henrique Maximiano Coelho Netto, membro da Academia Brasileira de Letras e catedrático de Literatura do Ginásio de Campinas; José de Campos Novaes; Antonin Raffin, engenheiro arquiteto.

Revista e Publicações – Coelho Netto; Henrique de Barcellos, redator-chefe do “Commercio de Campinas” e ex-diretor do Ginásio de Campinas; Leopoldo Amaral, jornalista.

Biblioteca e Museu – Phelippe Gonçalves, advogado; Adolpho Hempel; Vergniaud Neger, engenheiro.

Legislação, Justiça e Contas – Germano Melchert, médico; Paulo M.Florence; Ezequiel Cândido de Souza Brito, médico.

Sindicância – Cândido Ferreira da Silva Camargo, lavrador; Ignácio de Queiroz Lacerda, advogado; João Cesar Bueno Bierrenbach.