Artes Plásticas e Visuais

O Centro de Ciências, Letras e Artes tem sido, desde a sua fundação, um dos principais espaços para a expressão e reflexão sobre as Artes Plásticas e Visuais em Campinas. Tem uma tradição forte na área, o que o credencia a ser uma voz ativa nesse importante campo artístico.

Sala de Leitura do CCLA, com parte da Galeria de Arte, que apresenta exposições mensais
Sala de Leitura do CCLA, com parte da Galeria de Arte, que apresenta exposições mensais

Crédito Foto: Martinho Caires

Em junho de 1913, o CCLA sediou uma exposição de Lasar Segall (1891-1957), uma das primeiras no Brasil do artista nascido na comunidade judaica de Vilna, capital da Lituânia. O Centro adquiriu na oportunidade o quadro “Cabeça de Menina Russa” (1908), que passou a compor o acervo da Pinacoteca do CCLA.

Outro momento importante foi a publicação, em 1958, pelo Jornal do CCLA, do manifesto que deu origem ao Grupo Vanguarda, que reuniu importantes artistas plásticos de Campinas, como Francisco Biojone, Thomaz Perina, Maria Helena Motta Paes, Bernardo Caro, Enéas Dedecca, Geraldo Jürgensen, Raul Porto, Mário Bueno, Geraldo de Souza, Franco Sacchi e Edoardo Belgrado, além do poeta Alberto Amêndola Heinzl e do ensaísta José Armando Pereira da Silva, que se somariam ao coletivo. O Grupo Vanguarda está na origem da criação, em 1965, do Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC).

O acervo da Pinacoteca do CCLA é composto por mais de 140 peças, que foram catalogadas pela historiadora Fanny Tamisa Lopes e equipe, em trabalho realizado dentro de projeto patrocinado pelo FICC (Fundo de Investimentos Culturais de Campinas), da Secretaria Municipal de Cultura. Pedro Américo, Pedro Alexandrino e Gischiatti são alguns artistas que assinam obras pertencentes à Pinacoteca CCLA. Egas Francisco, importante nome das artes plásticas de Campinas, é o responsável pela seção.

Manifesto do Grupo Vanguarda, publicado em junho de 1958 no Jornal do Centro de Ciências, Letras e Artes:

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Manifesto: Grupo Vanguarda de Campinas

como princípio antes de tudo:  m o v i m e n t o
antimodorra
predicado essencial: fazer
fazer conscientemente: ir ao âmago da coisa
por uma arte atual
pela renovação/revificação constante e progressiva

pela comunicação dos chamados §segredos da arte§
antiturris eburnea
contra a reserva dos mestres que guardam para si o pulo do gato

por uma crítica partindo do exame da coisa feita
NÃO §crítica 8 ou 80§ afirmação ou negação apoiada em pontos
estranhos ao objeto

interessa a obra em si s/ valor atual não o nome q a assina

pelo surgimento de uma atitude de debate
não basta dizer: isto é bom isto não presta
cabe dizer: porque é bom ou porque não presta

contra a cultura de almanaque
contra a crítica à moda blackwood

cumpre livrar a arte do misticismo inoculado pelos medalhões

asas conscientes
fuga porém sabendo os liames
pela divulgação impôr
escrever nos muros e andaimes se for preciso

arte para o lado de fora dos museus e das galerias fechadas

coerência c/ o atual estágio evolutivo da civilização

um poema é um poema
uma tela é uma tela
coisas não necessariamente ligadas
a uma idéia determinada
de cujo esforço de expressão surgiram

sobrepor-se aos falsos estetas q usam vocabulário emprestado
a tratados superados

aos escribas q pretendem que uma andorinha modelada no bronze
deva ter penas e cheiro de andorinha

propor / mostrar / demonstrar / fazer / refazer / renovar

atitude de luta: anti-expectativa

conciliação de vectores numa ampla resultante:
renovação

não seremos velhos amanhã porque teremos mudado

artists are the antennas of the race (pound)

comunicação não / with usura /
comunicação para arte presente

arte hoje

fora com os burgomestres falantes & vazios
fora com os fritadores de bolinhos

Alberto A Heinzl
Alfredo Procaccio
Edoardo Belgrado
Franco Sacchi
Geraldo Jürgensen
Geraldo de Souza
Maria Helena Motta Paes
Mário Bueno
Raul Porto

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