Departamento de Cinema do CCLA: filmes, festivais e cursos pela Sétima Arte

Marino Ziggiatti: criador e grande incentivador do Departamento de Cinema do CCLA (Foto Adriano Rosa)
A revolução promovida pelo russo Serguei Eisenstein, como em “A Greve”, “Outubro” e, principalmente, “O Encouraçado Potemkin”, mas também os filmes do Neorrealismo italiano, da Nouvelle Vague francesa e do Cinema Novo brasileiro. Estas foram algumas das escolas que o Departamento de Cinema do Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA) praticamente apresentou para Campinas, onde formou gerações de cinéfilos.
O Departamento de Cinema do CCLA foi criado em 1952 por Marino Ziggiatti, que acabou sendo seu diretor por muitos anos. Atual presidente do CCLA, Ziggiatti entrou em contato com o mundo do cinema de qualidade quando era estudante de engenharia no Mackenzie, em São Paulo. Frequentou cursos de cinema no Museu de Arte de São Paulo, onde conheceu nomes como o crítico Paulo Emilio Salles Gomes.
Em Campinas, Marino comentava sobre filmes e artistas com outros membros da Sociedade Reunidas, uma organização que agrupava médicos, engenheiros e advogados. Pois em uma reunião na Sociedade Reunidas o engenheiro recém-formado recebeu um convite de Roberto Pinto de Moura, para fundar e dirigir o Departamento de Cinema do CCLA.
Campinas contava com algumas salas de cinema, como do Voga (de 1941), o Carlos Gomes (de 1947) e o Windsor. Mas faltava um espaço para operar como verdadeiro cineclube, com exibição de filmes e debates, o que se materializou com a criação do Departamento de Cinema do CCLA, em 1952, tendo Marino Ziggiatti à frente.
Marino e o poeta e escritor Eulálio Brito foram os suportes do Departamento durante muitos anos. Os contatos de Ziggiatti com a Cinemateca Brasileira, fundada por Paulo Emilio Salles Gomes, foram frutíferos, viabilizando a vinda para Campinas de muitos filmes nacionais e estrangeiros.
Durante sete anos, o Departamento de Cinema atuou muito próximo do Cine-Clube Universitário de Campinas (CCUC), fundado a 19 de março de 1965, com Ribeiro Borges e Dayz Fonseca à frente. O CCUC encerrou suas atividades em 1973.
O Departamento também promoveu vários cursos de cinema, tendo como professores o próprio Paulo Emilio Salles Gomes e Rudá Andrade, o filho de Oswald e Patrícia “Pagu” Galvão, ente outros.
Entre 1973 e 1983, o Departamento promoveu um dos mais importantes festivais de Super-8 do Brasil. “Muitos filmes eram censurados, mas eu dava um jeito e passava todos”, lembra Marino Ziggiatti.
No total, mais de 400 filmes exibidos pelo Departamento de Cinema do CCLA. E as atividades do Centro de Ciências, Letras e Artes na área do cinema prosseguem. Em 2014, o CCLA realizou uma exposição sobre Federico Fellini (1920-1993), com a curadoria de João Antônio Buhrer de Almeida. O cinema sempre presente no CCLA, que guarda relíquias como um projetor da marca francesa Pathé. História e futuro, juntos.